Tema 2 para texto 2

Em nossa area creio ser praticamente impossível testar uma hipótese e comprová-la (refiro-me a Literatura). Creio que o que podemos fazer é levantar hipóteses e desenvolver possibilidades, com o maior e melhor embasamento teórico possível, a fim de defender o que acreditamos. Mas temos que ter em mente que nessa area não se pode ter uma hipótese final... Diferentemente do que muitas vezes possa ocorrer em outras areas. A metodologia serve para guiar a pesquisa e nos ajudar a fazer um trabalho coeso, coerente, mas chegar a uma hipótese final e "comprovada" me parece algo muito difícil.

Jana Pazza escreveu:Mas Leandra, como fica, por exemplo, a escrita no projeto? a gente cita um autor e diz que foram feitas adaptações para se adequar ao projeto? É válido?

Sim, isso pode ser feito se estiver adequado aos seus objetivos.

Concordo, Raquel. Eu fico pensando na minha área, há teorias que devo seguir, mas acho que a interpretação é muito subjetiva, não é? Outra pessoa pode utilizar o mesmo corpus e teorias e chegar a uma conclusão diferente da minha.

raquelandrade escreveu:Em nossa area creio ser praticamente impossível testar uma hipótese e comprová-la (refiro-me a Literatura). Creio que o que podemos fazer é levantar hipóteses e desenvolver possibilidades, com o maior e melhor embasamento teórico possível, a fim de defender o que acreditamos. Mas temos que ter em mente que nessa area não se pode ter uma hipótese final... Diferentemente do que muitas vezes possa ocorrer em outras areas. A metodologia serve para guiar a pesquisa e nos ajudar a fazer um trabalho coeso, coerente, mas chegar a uma hipótese final e "comprovada" me parece algo muito difícil.

Como vamos discutir daqui a pouco, a metodologia nos estudos literários é bastante peculiar. É claro que, devido ao alto grau de interpretabilidade, pessoas diferentes chegarão a conclusões diferentes, mas isso não quer dizer que sua metodologia (que caminhos você usou para fazer seu estudo) não possa ser definida e descrita.

Exatamente, Janaína! Inclusive, futuramente nossa pesquisa pode ser refutada. Podem exatamente usar o que pesquisamos para demonstrar o oposto... Quanto mais forte for o nosso texto, mais difícil isso acontecer, mas temos que ter em mente essa possibilidade... Minha pesquisa, por exemplo, é baseada em contexto sócio-político. Vou coletar fatos, mas a forma de se interpretar esses fatos pode ser diferente...

renanandrade escreveu:A metodologia parece ser desenvolvida ao longo da pesquisa no nosso caso, o que vai um pouco contra a ideia de que a pesquisa deve seguir uma metodologia, pois como seguir algo que não está completamente estabelecido?

Então, Renan, a ideia é estabelecer alguns princípios, que não serão extremamente rígidos. Talvez a noção de princípios metodológicos se enquadre mais à pesquisa literária que a noção de passos de um caminho a seguir. Essa noção precisa ser mais fluida para dar conta de outras áreas também (psicologia, por exemplo).

Concordo, Leandra! E quanto mais embasamento houver na definição e descrição do meu trabalho, mais forte ele será... Creio que essa é exatamente a grande questão a ser "enfrentada" por pesquisadores na Literatura... Definições e descrições fortes do método, como forma de defender as hipóteses que forem levantadas...

Leandra, você poderia falar um pouco mais sobre essa diferenciação entre princípios metodológicos e passos de um caminho a seguir?

Então, entendo que passos de um caminho a seguir seriam métodos pré-determinados (ex. em química, se eu misturar x com y vou ter z, então meu método já está determinado, misturar x com y), mas quando usei a palavra princípios pensei em algo mais fluido, para dar conta de noções que temos (princípios de interpretação e crítica literária, por exemplo) a seguir, mas que não estão prontas, feitas. Se eu pegar um romance para explorar em sua literariedade (podemos já introduzir o texto 3), não vou dizer algo já pronto, mas não posso dizer qualquer coisa e nem qualquer análise serve. Entendo que há princípios para fazer essa análise, embora seus resultados não estejam pré-determinados (como obter um sal a partir da mistura de um ácido com uma base)

Creio que a necessidade de adaptação da metodologia utilizada não se restringe à área de humanas. O objeto de pesquisa não sofre variação; já os objetivos e abordagens podem se alterar ao longo do processo de investigação desse objeto,

Ok, Leandra. Bacana.

Então, como já estamos discutindo algumas coisas relacionadas ao texto 3, vou colocar o primeiro tema dele

Como você disse que podemos introduzir o terceiro texto, creio que uma das coisas ditas nele e que imagino servir para as pesquisas de Ciências Humanas em geral (não apenas a Literatura), é a questão da "função".... Essa parte é uma coisa que incomoda muito quem pesquisa tópicos literários (e imagino que de outras areas de humanidades também).... Há um certo desprezo por pesquisas de nossa area (versus pesquisas biológicas, por exemplo), por não se ver uma função nas mesmas.... E creio que isso influencie muito coisas concretas, como verbas destinadas a essas pesquisas...

raquelandrade escreveu:Como você disse que podemos introduzir o terceiro texto, creio que uma das coisas ditas nele e que imagino servir para as pesquisas de Ciências Humanas em geral (não apenas a Literatura), é a questão da "função".... Essa parte é uma coisa que incomoda muito quem pesquisa tópicos literários (e imagino que de outras areas de humanidades também).... Há um certo desprezo por pesquisas de nossa area (versus pesquisas biológicas, por exemplo), por não se ver uma função nas mesmas.... E creio que isso influencie muito coisas concretas, como verbas destinadas a essas pesquisas...

É, Raquel, nossa realidade a esse respeito é cruel... Literatura não cura doenças, mas pode salvar vidas... Entender a linguagem não melhora a comunicação e a manipulação por trás dela, mas pode nos situar como sujeitos de um mundo pensante... Quase nunca isso é levado em conta nas agências de fomento e ficamos à mercê dos restos. Que triste

raquelandrade escreveu:Como você disse que podemos introduzir o terceiro texto, creio que uma das coisas ditas nele e que imagino servir para as pesquisas de Ciências Humanas em geral (não apenas a Literatura), é a questão da "função".... Essa parte é uma coisa que incomoda muito quem pesquisa tópicos literários (e imagino que de outras areas de humanidades também).... Há um certo desprezo por pesquisas de nossa area (versus pesquisas biológicas, por exemplo), por não se ver uma função nas mesmas.... E creio que isso influencie muito coisas concretas, como verbas destinadas a essas pesquisas...

Creio que as verbas estão diretamente ligadas à expectativa de retorno. A pesquisa geralmente é vista como um investimento, e quando se investe, via de regra, espera-se um retorno. Nas pesquisas da área de humanas o retorno ou não existe, ou não paga o investimento. Daí a escassez de recursos...