Tema 2 para discussão do texto 1

Tema 2: Tipos de método – 30 minutos para a discussão

A- Em que se baseia o método indutivo? Quais são suas principais características? Crie um exemplo, na sua área específica de conhecimento, de uso desse método na investigação científica.

B- Para que o método indutivo funcione, são necessárias algumas condições. Veja o exemplo abaixo sobre acidentes aéreos e diga por que o método indutivo seria falho na conclusão apresentada.

Fatos: 17 de julho (Fonte: Wikipedia <https://pt.wikipedia.org/wiki/17_de_julho>)
• 1996 - Acidente com o voo TWA 800 que saía de Nova Iorque.
• 1997 — Manifestação popular na Praça D. Pedro II, em Maceió, pelo impeachment do então governador do estado brasileiro de Alagoas, Divaldo Suruagy. O protesto culminou em sua renúncia.
• 1999 — Estreia da série de televisão americana de desenho animado SpongeBob SquarePants
• 2000 — Queda do voo Alliance Air 7412 na Índia.
• 2007 — Queda do Airbus A320 da companhia aérea TAM no Aeroporto de Congonhas (São Paulo), que fazia o voo 3054, com 187 pessoas a bordo. Este foi considerado o pior acidente aéreo da história brasileira, da América Latina, e o 11º do mundo.
• 2014 — Queda de um Boeing 777 da Malaysia Airlines (Voo MH17) com 295 pessoas a bordo, na fronteira da Ucrânia com a Rússia.
Conclusão: Não se deve andar de avião no dia 17 de julho!!!!!

C) Na página 74 é apresentado um esquema que distingue o método indutivo do dedutivo. Baseando-se nesse esquema, e nas características de cada um desses métodos, em sua opinião quais seriam as vantagens e desvantagens de se utilizar um ou outro em sua área de conhecimento?

D) O uso de argumentos condicionais no método dedutivo torna-o mais eficiente que os demais métodos apresentados? Por quê

E) São apresentados dois esquemas para o método hipotétido-dedutivo: o de Popper (p. 77) e o de Bunge (p. 81). Quais as semelhanças e diferenças entre esses esquemas?

F) O método dialético é apresentado em torno de 4 leis: ação recíproca, mudança dialética, passagem da quantidade à qualidade e interpenetração dos contrários. Em que tipo de pesquisa você acha que esse método pode ser utilizado?

A - O método indutivo contém três elementos fundamentais: observação dos fenômenos, descoberta da relação entre eles e generalização da relação. POde ser completa e formal, porém, tem pouca importância para o progresso da ciência, é estéril. E também pode ser incompleta ou científica, que é o que nos interessa. Quanto maior e mais representativa for a amostra, maior a força indutiva do argumento. Estou pensando num exemplo próximo ao meu trabalho...

Eu memorizei o método indutivo como sendo algo que vem do interior para o exterior, ao contrário do dedutivo. Explico: a partir de informações particulares (portanto, advindas do interior de uma situação, de um contexto, de uma sociedade bem específica), buscam-se dados para uma constatação geral.

Penso que o método indutivo se fundamenta em premissas: partimos de dados particulares e inferimos uma verdade geral e universal. É importante ressaltar que as premissas, nesse método, mesmo que sejam verdadeiras, elas conduzem apenas a conclusões prováveis.

Resumidamente, o método indutivo é a conclusão de uma ""verdade"" geral a partir de um número suficiente de casos particulares. É possível afirmar, por exemplo, que, no português brasileiro, as frases interrogativas são caracterizadas, prosodicamente, por uma forte subida da frequência fundamental no final do enunciado, mesmo sem se ter investigado se todos os falantes do português brasileiro fazem isso.

B - Nesse caso a amostragem é insuficiente para fazer uma generalização a respeito de andar de avião no dia 17 de julho, tanto pelo quantidade (4 acidentes entre milhares de decolagens) quanto pela natureza dos itens (a estréia de SquarePants não tem relação com a conclusão).

Um exemplo que imaginei: em todo primeiro de Janeiro, na terra natal de minha mãe, chove. Vou para lá desde criança, e sempre chove. Conclusão que tirei: primeiro de Janeiro é um dia chuvoso. Porém, essa é uma constatação indutiva: levei em conta a cidade da minha mãe e a data recorrente. Sei que em outras regiões do Brasil isso não ocorre. Mas ao tomar por base uma mesma cidade e uma mesma data, faço uma generalização que acaba por ser equivocada, pois considera um aspecto muito particular.

B - A conclusão é falha, pois a relação entre os fatos não é verdadeiramente essencial, os fenômenos não são idênticos, logo, não atende as etapas que orientam o trabalho de indução.

C) O método dedutivo soa mais "seguro", já que "se as premissas são todas verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeira". Mesmo assim, muito logos. Nossos parâmetros de verdade (incluindo Ciência, Semântica, Religião e Filosofia) são fenômenos observáveis. "O homem é a medida de todas as coisas". No caso da área das Letras, em que há muitas categorias, os métodos variam. Na Literatura, por exemplo, como aponta o texto do Fábio Durão que ainda será discutido, ambos (indutivo e dedutivo) são necessários, já que não há consenso sobre uma verdade estável. Por isso, a interpretação, embora conjugada a outras ciências, como a psicanálise e a sociologia, tem maior realce. No caso da(s) Linguística(s), em vista do volume de material já existente, o método dedutivo parece mais vantajoso, pois procura-se mapear os dados com a premissa pronta e, até onde se sabe, verdadeira.

Concordo com Renan: a amostragem de vôos é insuficiente. E exatamente esse é o problema da pesquisa indutiva, ela conta com amostragens insuficientes, pois parte do particular para o geral. Assim, corre-se o risco, inclusive, no meio acadêmico, de se usar poucos fatos para provar uma teoria que se quer ter como "verdade"...

C) No método dedutivo, o argumento é mais forte que no indutivo, acredito. É o que foi dito em aula: Se eu vi mil cisnes brancos, posso afirmar que todos os cisnes são brancos. Mas um só cisne preto que aparecer deslegitima minha tese. O problema é que, em muitos casos, o método indutivo é o único possível de ser usado.

Indução: dados particulares, levando a conclusões mais amplas, sendo esta prováveis.

No método dedutivo, parte-se da teoria para os dados e no método indutivo, dos dados para a teoria.

Concordo com o Naaman.

Concordo com Naaman. No método dedutivo parece-me que contamos com maiores evidências, com dados mais sólidos.

B- não se pode aplicar o método indutivo nesse exemplo devido a natureza incompleta dos argumentos. Associar determinada data ou período do ano a acidentes aéreos só seria possível se mais fatores decisivos estivesses envolvidos, por exemplo, ocorrência em determinados locais de determinado evento natural que fosse capaz de prejudicar os vôos.

Naaman, não seria a indução uma forma de argumentar?

Por mais que eu concorde que o método dedutivo tenha argumentos mais fortes, acredito também que grandes pesquisas foram iniciadas a partir da pesquisa indutiva também. Afinal, muitas vezes o que desperta o interesse do pesquisador é algo muito particular e, a partir desse ponto, ele vai pesquisar para além desse aspecto...

Enquanto a indução vai da parte para o todo, a dedução segue o caminho oposto, do todo para a parte. No primeiro caso, se constrói uma generalização a partir de exemplos específicos e no segundo analisa-se os casos específicos a partir de uma regra geral.

Sobre o método dialético, penso que esse método pode ser utilizado em qualquer tipo de pesquisa (com certeza nas ciências exatas o método é utilizado de uma forma diferente da forma como é utilizado nas ciências sociais e humanas). Mas, vejo que o método dialético é mais usado em pesquisas nas ciências sociais.

Lembrem-se que há casos que não podem ser observados, daí se usar a indução para se inferir o que ocorre em casos similares...

Se não há consenso sobre uma verdade estável, como partir de premissas universais na Literatura, Daiman?

Ps: peço desculpas pelo uso repetido da palavra "também" na minha resposta, reli depois que havia enviado...

Raquel, não se preocupe com isso, o objetivo é discutirmos e todos estão elaborando os textos enquanto escrevemos...

Tem razão, Camila. Mas a verdade estável a que me referi é a de fenômenos observáveis a passíveis de serem confirmados. Uma premissa universal, ou seja, amplamente aceita como verdadeira, não é necessariamente uma verdade. Aliás, até as "verdades" não são necessariamente "verdades"...