Tema 1 para texto 3

Tópicos para discussão do texto 3

DURÃO, F. A.. Reflexões sobre a metodologia de pesquisa nos estudos literários. Revista D.E.L.T.A., São Paulo, n. 31, v. especial, p. 377-390, 2015.

Tema I – a construção de uma metodologia nos estudos literários – 20 minutos

A) Na seção d introdução, o autor estabelece três pressupostos: i) a capacidade que a literatura exibe para ser algo epistemologicamente produtivo; ii) os estudos literários são um campo aplicado; iii) a forma predominante de geração de conhecimento por meio da literatura é hoje, no Brasil, a pesquisa e sua metodologia. Como você vê esses pressupostos?

B) Embora o autor admita que a metodologia está em alta em todos os campos do conhecimento, nega que nos estudos literários esse seja o caso. Argumenta, em seguida, que o literário não tem pressuposto que lhe seja inerente, não existindo um discurso literário. A que isso leva, no campo dos estudos da literatura?

C) Por que o conceito de literariedade é tão importante na definição metodológica da pesquisa nos estudos literários?

D) Em que a pesquisa no campo literário se aproxima da pesquisa na psicanálise? Para você, qual a importância dessa aproximação?

Este texto, dentre os três, foi o meu preferido, pois minha pesquisa é exatamente nesta area e tudo falado neste texto toca, diretamente, quem pesquisa Literatura. Peço licença para fazer aqui um comentário que talvez fuja um pouco dos tópicos propostos, mas ao mesmo tempo tenha relação, talvez, com todos eles. Uma das grandes dificuldades de quem trabalha com Literatura (e isso é colocado no texto em questão), é levar a Literatura para a "vida real"... Fica muito difícil pesquisar algo que não é visto como "útil" quando, na verdade, o que se pesquisa na Literatura é exatamente o que nela se projeta dessa "vida real"... Cabe a nós tirarmos a Literatura deste altar da academia e levá-la "onde o povo está"...

raquelandrade escreveu: Peço licença para fazer aqui um comentário que talvez fuja um pouco dos tópicos propostos

Gente, toda licença para falar do que acharem interessante nos textos, hein? Só estou propondo tópicos para coordenar um pouco as discussões

As questões parecem se complicar devido ao que o autor chama de "hipótese de leitura". Ele diz que tal ação "é um veículo de descoberta; se ela une sujeito e objeto, ela também promove o confronto da interioridade de uma intuição com o mundo das ideias e sua história.” Parece, pelo menos em um primeiro momento, que a pesquisa nos estudos literários comporta de forma mais contundente a presença do pesquisador. É ele quem vai elaborar essas hipóteses, claro. A especificidade do trabalho com obras literárias requer o movimento, como ele bem diz...e isso é o que traz a instabilidade... Não é isso?

Mas a literatura, pelo menos pensando em um contexto mais atual, se configura como outro espaço justamente pelo descompromisso com o que se tem por 'vida real'. Ela propõe outros referenciais, não?

Concordo, Camila. Ao mesmo tempo, da forma como o autor descreve, senti que é um movimento muitas vezes solitário e que permanece nos meios acadêmicos, não sendo levado para fora da Universidade, como acontece com outros tipos de pesquisa...

Ao mesmo tempo, creio que a Literatura propõe outros referenciais, como você disse, mas é também uma ferramenta para outros movimentos, daí a conexão com o "mundo real", não?

Gente, mais alguém, além de Raquel e Camila????

Camila Dias escreveu:A especificidade do trabalho com obras literárias requer o movimento, como ele bem diz...e isso é o que traz a instabilidade... Não é isso?

Isso me remete ao conceito de dialética, visto no primeiro texto. A ideia de pensamento dinâmico, nada é determinado ou estático.

raquelandrade escreveu:Este texto, dentre os três, foi o meu preferido, pois minha pesquisa é exatamente nesta area e tudo falado neste texto toca, diretamente, quem pesquisa Literatura. Peço licença para fazer aqui um comentário que talvez fuja um pouco dos tópicos propostos, mas ao mesmo tempo tenha relação, talvez, com todos eles. Uma das grandes dificuldades de quem trabalha com Literatura (e isso é colocado no texto em questão), é levar a Literatura para a "vida real"... Fica muito difícil pesquisar algo que não é visto como "útil" quando, na verdade, o que se pesquisa na Literatura é exatamente o que nela se projeta dessa "vida real"... Cabe a nós tirarmos a Literatura deste altar da academia e levá-la "onde o povo está"...

Muito interessante, Raquel!
Uma parte que me chamou atenção nesse texto, e que fala também sobre isso que você colcoca no final do seu comentário "levar a literatura onde o povo está", foi quando ele disse do aumento de pessoas que vem de famílias pobres estudando literatura, e como isso é uma forma de acabar com essa distância que a literatura é colocada das pessoas e da vida real (acho que esse foi um movimento da maioria das áreas do conhecimento). Achei interessante como ele colocou isso como um ponto positivo ao mesmo tempo em que disse que no caso de diminuição de recursos para pesquisas em literatura (ou diminuição de recursos para a universidade de maneira geral) isso é facilmente perdido, e corre-se o risco de a literatura se 'encastelar' novamente.

Fiquei pensando (mais uma vez) nas consequencias das atuais PECs e MPs dentro da universidade e dentro das escolas. E como essa relação da literatura com a vida real também pode ser afetada a médio-longo prazo.

Sim. Não há, penso eu, maneira de se desvincular completamente. No entanto, dentro da perspectiva que o autor traz de "crise da razão ocidental" (que me parece muito pertinente para pensarmos o campo dos Estudos Literários enquanto ciência), fica ainda mais difícil adentrar neste universo a partir dos olhares já construídos, estabelecidos e legitimados de produção de conhecimento. Não sei bem... O que fazer, então?

Estou acompanhando as discussões... mas o tema é difícil para mim. RsRs.

Por exemplo, a Literatura e a Psicanálise: "A pesquisa em literatura aproxima-se da psicanálise, na medida em que se vê obrigada a investigar, com conceitos, processos que contêm um componente aconceitual. Nisso, ambas as disciplinas mostram-se em sintonia com o espírito de nosso tempo, pois participam, tanto como causa quanto como efeito, da crise da razão ocidental, que outrora acreditava-se autossuficiente". A Literatura pode ser usada como ferramenta para se compreender o funcionamento de grupos da sociedade, na medida em que se aproxima da Psicanálise, podendo ser usada como registro e/ou análise de toda uma geração ou grupo de indivíduos em um determinado momento... Pode ser um recorte a ser estudado...

D- sobre a questão da aproximação do campo literário com a psicanálise, me parece que ambos estão em esferas um tanto quanto subjetivas, que podem ter mais uma interpretação.

"A pesquisa em literatura aproxima-se da psicanálise, na medida em que se vê obrigada a investigar, com conceitos, processos que contêm um componente aconceitual. [...] Porém tanto os estudos literários quanto a psicanálise recusam-se a pensar seus objetos – artefatos de representação e o inconsciente – como absolutamente refratários à pesquisa [...]" (p. 381-382).
Acredito que a importância dessa aproximação entre a literatura e a psicanálise deve-se ao fato de que, por a psicanálise estar no campo da saúde humana, para o senso comum, ela é uma ciência mais importante. Então mostrar que a literatura se assemelha à psicanálise, nesse sentido, pode ser algo que acontece, visando enaltecer o campo literário. Não sei se estou certa, mas é uma ideia geral que consegui produzir agora.

Também estou acompanhando a discussão, mas apesar de ter lido o texto, não tenho base para discussão.

Izabel Cristina da Silva escreveu:Estou acompanhando as discussões... mas o tema é difícil para mim. RsRs.

Para mim também, Izabel!

Concordo, Cris: a atual situação política com as PECs e demais agruras que vem por aí só servirão para distanciar ainda mais a Literatura (assim como a Filosofia, Sociologia), do contexto da "vida real".... O que é muito triste e preocupante, porque estamos diante de um governo que quer limitar o aprendizado às matérias "exatas". Vem aí, novamente, a questão da "função", da "utilidade", que aparecem nesse texto.... Literatura, Filosofia, Sociologia, etc, não são vistas pelo governo como "úteis"....

A literatura, assim como a psicanálise, parece estar em um entrelugar...não se vê apartada da pesquisa, mas também tangencia aquilo que ainda não existe, não se determinou.

D) Já foi "instruir e deleitar", já foi reconfigurar certezas sociais, já foi abraçar o infinito... Enfim, me parece que a Literatura reflete e refrata as relações do homem com o mundo, com a sociedade e com ele mesmo. Em sintonia com outras ciências, como a psicanálise, a pesquisa literária pode aproveitar os percursos conceituais traçados e ancorar novas possibilidades analíticas. Com isso, parece possível expandir os domínios da interpretação e elaborar leituras amplas e atualizadas em relação a outras ciências.

Christianne, acho que as propostas de mudança na educação e as medidas de limitação de gastos afetarão as pesquisas e geral. Talvez as pesquisas na nossa área sejam mais afetadas por serem historicamente menos valorizadas

Gente, me empolguei, mas é que esse texto toca diretamente em questões bem delicadas para mim, hehe....

Gente, pelo horário vou postar o segundo (e último) tema do texto 3. A partir desse último tema, sintam-se à vontade para acrescentar outros aspectos não discutidos e que sejam importantes para vocês nos três textos, ok?

raquelandrade escreveu:Gente, me empolguei, mas é que esse texto toca diretamente em questões bem delicadas para mim, hehe....

Quando comecei a ler, Raquel, pensei em ti: "a Raquel vai gostar desse texto" hehehe

Gostei mesmo, Janaína!